Nos ensaios, a poucos dias da estréia do espetáculo “Hospital Português, Uma História em Movimento” o elenco, a diretora artística e coreógrafa, o diretor de cena e todos os colaboradores envolvidos na produção formam um time integrado em torno de um objetivo único: apresentar, com beleza e criatividade, a trajetória de 150 anos da Instituição. O resultado do trabalho do grupo, que começou a ensaiar em janeiro deste ano, será conferido nos dias 10 e 11 de janeiro de 2007, às 18h e 20h30, no Teatro Jorge Amado.
Por envolver 52 pessoas: o elenco do Balé Real, crianças (filhos de funcionários) e um grupo de colaboradores convidados para interpretar o papel de legítimos representantes da comunidade portuguesa na Bahia no século XIX, a coreografia ‘A Festa’ exige atenção especial durante os ensaios. O cenário, os figurinos e os movimentos ao som da música ‘Glória e Displicente’, de Jacob do Bandolim, interpretada por Pixinguinha, recriam uma cena de uma festa tradicional na Colônia portuguesa.
Trata-se de um jantar em comemoração ao aniversário do Rei de Portugal, D. Pedro V Monarca Constitucional, que aconteceu no dia 16 de setembro de 1856, no arrabalde da Vitória. Nessa festa, surgiu a idéia da criação de uma entidade para apoiar Emigrantes portugueses. Em 1º de janeiro de 1857, nascia a Sociedade de Beneficência Dezesseis de Setembro, que em 1859 fundir-se-ia com a Sociedade Portuguesa de Beneficência – criada em 20 de setembro de 1857 – formando a Sociedade Portuguesa de Beneficência Dezesseis de Setembro. “Esse projeto é maravilhoso e ao mesmo tempo desafiador, porque toda essa história será apresentada por um elenco que não é formado por dançarinos profissionais”, comenta a coreógrafa Mônica Rocha. Para ela, o empenho e a dedicação das pessoas têm superado as expectativas e todas as dificuldades.
José Fernando Gonçalves, assistente administrativo da Casa dos Sócios, nunca imaginou subir ao palco de um teatro. Trabalhando há dois anos no Hospital, ele considera o desafio muito prazeroso. “Todos são amadores, mas estão se esforçando ao máximo”, garante. Representando o papel de frade na coreografia “A Festa”, ele reconhece a responsabilidade de contar 150 anos de história.
O diretor de cena Fernando Marinho afirma que a motivação do grupo contribui para o sucesso do trabalho. Depois de alguns meses de ensaio, eles aprimoraram a técnica e corrigiram problemas de interpretação”. Com oito coreografias, “Hospital Português, Uma História em Movimento” tem uma hora de duração.
“Uma História em Movimento” parte do Porto, em Portugal, para apresentar cronologicamente a trajetória de uma instituição em constante processo de mudança, que não pára de investir em tecnologia de ponta e na qualificação dos colaboradores, com o objetivo de ampliar e aprimorar a assistência ao próximo.
A emoção de subir no palco
“Eu nunca fui ao teatro e vou começar no palco, dançando”, revela Valdirene Souza, há três anos no Hospital Português. Ela é uma das bailarinas do Balé Real, do espetáculo “Uma História em Movimento”. A paixão pela dança levou a auxiliar administrativa a procurar o Balé Real. Para ela, dançar no Teatro Jorge Amado será a realização de um desejo. “Eu acho que minha emoção será dobrada. Vai ser um momento excepcional”, diz.
“O grande prazer é um convívio mais informal com os colegas”, diz Maria Auxiliadora Evangelista, enfermeira coordenadora do Serviço de Bio Imagem. Ela, que participa do Balé Real desde o início, conta que tudo começou como uma grande brincadeira, nas apresentações do Festival de Cultura e Arte. Ela afirma, ainda, que a dança une funcionários de vários setores. Quanto à estréia, a enfermeira resume o espírito do grupo : “Existe um pouco de ansiedade e nervosismo, mas muita confiança. Estamos em contagem regressiva”.
“É uma emoção gigantesca, algo novo. Nunca fiz um trabalho artístico na vida”, diz Emanuel Nascimento, técnico em Segurança do Trabalho. Ele participará de várias coreografias , dentre elas, uma em que está sozinho, no palco, rodeado por seis mulheres. “O meu setor é predominantemente masculino. Através da dança, tenho um maior contato com as mulheres que trabalham na mesma empresa que eu. Aprendi que dança não é exclusivamente algo feminino”.